MÚSICA E GESTAÇÃO
Musicoterapeuta - Natália Magalhães
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Música e Gestação
De uma maneira muito instintiva, buscamos em nosso dia a dia inserir música com diferentes objetivos: para diminuir o stress ao dirigir em momento de trânsito intenso, para lembrar ou homenagear uma pessoa querida e até mesmo para construir um espaço para as lágrimas. De fato, a música possui muitas funcionalidades, as quais foram possíveis de serem compreendidas com o avanço da neurociência e da neuroimagem. A música ativa diferentes áreas do cérebro, desde regiões subcorticais até regiões corticais, de modo que se torna uma importante ferramenta para a estimulação desde o ambiente uterino até processos mais complexos de reabilitação.
Um dos primeiros contatos do bebê com o mundo externo ocorre através do sistema auditivo: por volta da 20ª semana de gestação, o bebê consegue ouvir e identificar a voz materna e, antes da 25ª semana, reage aos demais estímulos auditivos externos. Por este motivo, cantar para o bebê e ouvir música durante a gestação são atividades indicadas por médicos e especialistas. O vínculo entre mãe-bebê e pai-bebê pode ser construído através do ato de cantar e a escolha do repertório musical que será utilizado, é de extrema importância. Isso porque podemos quando pensamos na gestação, a música pode ser utilizada: para a saúde materna, estabelecimento de vínculo mãe-bebê / pai-bebê e para antecipar as rotinas que o bebê passará a vivenciar após o nascimento.
Construção de vínculos
Música é também memória afetiva e, certamente, somos capazes de relacionar a memória ou a identidade de pessoas queridas à repertórios musicais. Por isso, mais importante que a performance vocal é buscar por um repertório que tenha um significado afetivo. E este pode variar, de modo que as músicas escolhidas pela mãe podem contemplar um tipo de repertório que talvez seja completamente diferente do repertório escolhido pelo pai. Há estudos que comprovam que o cantar de maneira sistemática para o bebê durante a gestação, o auxilia da identificação da voz materna e paterna. Isso antes mesmo do nascimento! Lembrando sempre da importância de buscar por repertório de valor afetivo para aquele que canta. Afinal, ao cantar, transmitimos de maneira muita autêntica nossas emoções.
Antecipação de rotinas
Atualmente, há vários estudos que comprovam que, as músicas utilizadas no período gestacional são reconhecidas pelo bebê após o nascimento e associadas aos mesmos momentos da rotina familiar. Isso significa que, escolher uma mesma música a ser cantada ou escutada todos os dias antes de dormir, pode auxiliar a criança após o nascimento na sua higiene do sono, assim como a compreender qual o momento de finalização da rotina da casa. Também são relatados na literatura estudos de caso em que a música cantada com maior frequência pela mãe na gestação é a que auxilia a acalmar e/ou adormecer o bebê após o nascimento.
Além destas possíveis utilizações da música durante o período gestacional, a futura mamãe pode também optar por um trabalho realizado pelo profissional musicoterapeuta, que além de auxiliar na construção do material musical para todos estes momentos, pode atuar diretamente na saúde materna neste momento tão importante onde uma nova vida está sendo gerada. Sabe-se que o período gestacional é marcado por muitas mudanças estruturais e químicas no corpo materno, que podem gerar desconforto para a mãe. A musicoterapia pode atuar diretamente nestes sintomas, auxiliando em uma maior qualidade de vida materna.
Lembre-se: musicoterapia é uma profissão que exige formação em nível superior! E vai muito além de saber cantar e tocar instrumentos musicais: requer treinamento e conhecimento técnico, do contrário pode causar prejuízos à saúde. Busque sempre por profissionais qualificados!
Natália Magalhães
Musicoterapeuta na Clínica Interligar – Porto Alegre-RS
AMT-RS 421/2008
Fellow em Musicoterapia Neurológica
Mestre em Reabilitação e Inclusão
Contato: [email protected]
Instagram: @musicoterapia_neurologica